Assim como o Cinema Novo, o Cinema Marginal foi um importante movimento do cinema moderno brasileiro.
Os filmes do Cinema Marginal mantêm um diálogo tanto com elementos da contracultura como também com gêneros de Hollywood. A partir de referências variadas, as obras propõem uma abordagem que vai do poético ao escrachado com uma liberdade muito original.
Conheça, nessa lista, 10 obras essenciais do Cinema Marginal:
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À MEIA-NOITE LEVAREI SUA ALMA (1964) – José Mojica Marins
À Meia-Noite Levarei sua Alma marca a estreia do personagem de Zé do Caixão. Um homem que questiona a moral religiosa e social em voga em uma pequena cidade.
O diretor subverte tanto uma relação com o terror, já que o protagonista se mostra um cético, como também evidencia algumas contradições do homem moderno.
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A MARGEM (1967) – Ozualdo Candeias
Em A Margem, Ozualdo Candeias acompanha personagens marginalizados que transitam por uma área do Rio Tietê.
Apesar do filme possuir uma abordagem realista e quase documental com a câmera, existe uma construção teatral e simbólica muito forte nas situações que a obra propõe.
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VIAGEM AO FIM DO MUNDO (1968) – Fernando Coni Campos
Viagem ao Fim do Mundo acompanha os dilemas dos passageiros de um voo. O diretor combina a crise psicológica dos personagens com uma estrutura experimental.
Através de formatos diferentes que contextualizam uma realidade histórica do mundo, a obra constrói uma colagem audiovisual que mistura documentário e ficção.
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HITLER 3º MUNDO (1968) – José Agrippino de Paula
Em um dos filmes mais radicais do movimento, o cineasta mostra um líder que tenta implementar um regime fascista no Terceiro Mundo.
O longa não segue uma narrativa linear, mas apresenta situações bizarras envolvendo a sua premissa. O cineasta lida com referências que vão desde histórias em quadrinhos ao cinema experimental.
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JARDIM DE GUERRA (1968) – Neville de Almeida
O filme de Neville de Almeida traz referências diretas ao regime militar. Ele conta a história de um homem que é capturado por uma instituição misteriosa e passa a ser interrogado e torturado sem motivo aparente.
A obra funciona como um pesadelo kafkaniano, já que existe uma constante noção de indefinição.
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O BANDIDO DA LUZ VERMELHA (1968) – Rogério Sganzerla
O Bandido da Luz Vermelha é um dos maiores clássicos do Cinema Marginal.
Sganzerla faz uma mistura de gêneros, indo do policial ao noir e a comédia.O protagonista ilustra um arquétipo comum no Cinema Marginal: o homem fracassado que trata sua própria situação com escárnio e inconsequência.
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MATOU A FAMÍLIA E FOI AO CINEMA (1969) – Júlio Bressane
O filme do Júlio de Bressane é muito mais baseado em situações performáticas envolvendo seus atores e atrizes do que em uma história linear.
O cineasta desconstrói uma ideia de núcleo familiar ao propor acontecimentos trágicos envolvendo homicídios.
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METEORANGO KID – HERÓI INTERGALÁTICO (1969) – André Luiz Oliveira
O filme narra um dia na vida do jovem Lula. O rapaz vive situações cotidianas ao mesmo tempo que, em outra realidade, atua como um herói.
A obra de André Luiz Oliveira assume a imoralidade de seu protagonista e propõe uma desconstrução com a linguagem em sua estrutura.
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JARDIM DAS ESPUMAS (1970) – Luiz Rosemberg Filho
O filme de Luiz Rosemberg Filho é uma ficção científica na qual um planeta pobre é habitado por pessoas que se comportam de maneira primitiva. Um emissário de um local mais desenvolvido é mandado para lá, a fim de ajudar os habitantes a prosperarem, e acaba sendo sequestrado por uma facção revolucionária.
Além de lidar com temas como alienação, pobreza e a própria estagnação do cinema brasileiro, o filme faz um uso sugestivo de imagens de arquivo.
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BANG BANG (1971) – Andrea Tonacci
A partir de situações que nunca evoluem, o filme de Andrea Tonacci apresenta uma reflexão sobre o próprio cinema.
Na medida em que os acontecimentos não levam a nada, o cineasta evidencia a potência dramática da simples presença de seus personagens.