10 Filmes Essenciais do Cinema Novo

O Cinema Novo representa um dos momentos mais importantes da história do cinema brasileiro.

Apesar de ter sido influenciado por outros movimentos modernos como o Neorrealismo Italiano, o Cinema Novo apresenta uma estética muito própria, principalmente pelo modo em que relaciona elementos da cultura brasileira com uma abordagem mais livre e até experimental com a linguagem cinematográfica.

Conheça, nesse artigo, 10 obras essenciais do Cinema Novo.

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COURO DE GATO (1960) – Joaquim Pedro de Andrade

O curta de Joaquim Pedro de Andrade foi uma das obras inaugurais do movimento.

O filme conta a história de alguns garotos de uma comunidade do Rio de Janeiro que tentam roubar gatos para que o couro dos animais seja usado para fazer tamborins.

Através da fotografia expressiva de Mário Carneiro, o diretor concilia um olhar lírico com um retrato da realidade.

PORTO DAS CAIXAS (1962) – Paulo César Saraceni

Este primeiro longa de Paulo César Saraceni chama a atenção por lidar com a estética realista do cinema novo de uma maneira muito intimista. O filme é sobre uma mulher pobre de uma cidade do interior do Rio de Janeiro que quer encontrar alguém para matar o marido, que a faz muito infeliz.

Porto das Caixas ilustra, além dos elementos sociais característicos do movimento, temas existencialistas.


VIDAS SECAS (1963) – Nelson Pereira dos Santos

Baseado no romance de Graciliano Ramos, Vidas Secas conta a história de uma família nordestina que peregrina em busca de trabalho, moradia e alimento.

O filme conta com atuações contidas em que os personagens parecem estar em um nível máximo de esgotamento. A fotografia estourada e as paisagens que “engolem” os protagonistas reforçam uma desumanização que a obra denuncia.

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OS FUZIS (1964) – Ruy Guerra

Com uma construção dramática bastante complexa, o longa de Ruy Guerra relata os acontecimentos de uma cidade do Nordeste após a chegada de alguns soldados que devem evitar que os armazéns da região sejam saqueados pela população.

O ponto alto do filme é a tensão que o cineasta cria com as situações envolvendo os soldados e os habitantes da cidade. Apesar de uma decupagem com uma abordagem livre, o filme de Guerra possui uma estética mais sofisticada e menos crua se comparada a outras obras do Cinema Novo.

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DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL (1964) – Glauber Rocha

Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) é um dos filmes mais icônicos do Cinema Novo.

A primeira parte do filme tem elementos que remetem muito a um cinema realista do pós-guerra, porém na segunda parte, principalmente após a aparição de Corisco, o filme adquire um tom mais alegórico

Glauber Rocha, de certa forma, supera essa abordagem europeia que remete ao neorrealismo italiano e concebe uma estética própria ao equilibrar uma abordagem documental com um aspecto teatral.

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A FALECIDA (1965) – Leon Hirszman

Baseado na peça de Nelson Rodrigues, o filme de Leon Hirszman conta a história de uma mulher, interpretada por Fernanda Montenegro, que fica obcecada por ter um enterro luxuoso para compensar sua vida pobre.

O filme trabalha bem tanto com uma temática mórbida característica da obra de Rodrigues como também com a contextualização social da sua premissa.

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O PADRE A MOÇA (1966) – Joaquim Pedro de Andrade

O longa de Joaquim Pedro fala sobre um padre que se muda para uma cidade de Minas Gerais e se encanta por uma moça, criando uma relação ambígua com ela.

A fotografia, outra vez de Mário Carneiro, trabalha muito bem com a paisagem rochosa de Minas Gerais. O filme possui uma textura muito expressiva que se apropria das imagens da natureza.

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A ENTREVISTA (1966) – Helena Solberg

Neste documentário, Helena Solberg mostra uma personagem feminina se arrumando, se maquiando e se vestindo de noiva enquanto que, ao fundo, a diretora entrevista mulheres que refletem sobre o papel da mulher na sociedade.

Nesses depoimentos são apresentadas tanto ideias conservadoras como progressistas. Através dessa relação entre o que vemos e ouvimos, a cineasta desconstrói uma visão tipificada do feminino.

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A GRANDE CIDADE (1966) – Cacá Diegues

Em um de seus melhores filmes, Cacá Diegues conta a história de uma moça nordestina que vai para o Rio de Janeiro atrás do seu noivo. Lá, ela descobre que o homem virou um criminoso.

O filme relata muito bem a exclusão social nas grandes cidades ao mesmo tempo que flerta com o gênero policial.

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O DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO (1969) – Glauber Rocha

Nesta que foi uma das maiores produções de Glauber Rocha, o personagem de Antônio das Mortes é contratado para matar um cangaceiro. Porém o protagonista tem uma espécie de crise existencial.

O trabalha, no geral, revela um mundo que não tem mais lugar para esse personagem folclórico. Glauber ilustra muito bem um contraste entre aspectos simbólicos e modernos.

 

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