Apesar de boas cenas isoladas, filme não se arrisca a ter uma voz própria na franquia
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O FOCO EM CENA ISOLADAS
Pânico 6 (2023) é um filme que, oportunamente, explora bem as suas cenas isoladas enquanto faz um trabalho bem porco quando lida com a trama como um todo. O que faz dele, na melhor das hipóteses, um longa melhor que o anterior, mas também torna o projeto bastante covarde.
Essa nova continuação não quer depender totalmente da emulação do olhar de Wes Craven, que era o que acontecia no filme anterior, mas também não quer propor algo novo. Sendo assim, o longa fica cozinhando o imaginário da franquia e se foca em cenas de ação e suspense mais longas e estimulantes.
Comercialmente falando, é uma boa jogada. Você nunca vai depender de boas resoluções e pode sempre reinventar os cenários e as premissas das perseguições. Algo que vai até dialogar com algumas ideias tradicionais de grandes blockbusters. No próximo, talvez as irmãs estejam em outro país. Quem sabe na neve, no deserto, em um helicóptero…
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A SUBVERSÃO APENAS COMO INTENÇÃO
Entendo que a proposta explícita aqui seria, justamente, assumir o lado franquia da coisa toda e se livrar dos fantasmas do passado. O plot, literalmente, lida com essa ideia de uma purgação dos outros filmes e vilões.
Mas assim como em Pânico (2022), essa é uma falsa subversão. O filme nunca de fato se arrisca em nenhum sentido. Apenas flerta com essa possibilidade de uma forma bem didática para no final tudo voltar aos mesmos termos.
Ou ainda, quando existe algum elemento de real interesse, ele funciona como um aspecto pontual e pouco explorado. É um filme com ideias conceituais interessantes (ele já abre com o Ghostface, teoricamente, se revelando; relembra todos os assassinos nessa reflexão geral sobre identidade e psicopatia), mas sempre se utiliza delas até um limite. Nem a possível psicopatia de Sam, talvez o aspecto mais interessante do filme, é realmente explorada.
É diferente do que David Gordon Green fez nos seus filmes da nova trilogia de Halloween. Ali ele consegue dialogar com aspectos de John Carpenter (formais e temáticos) ao mesmo tempo que questiona e interfere no ecossistema da franquia.
Podemos dizer que o personagem do Michael Myers já é mais ambíguo e indefinido por natureza (o que facilitaria esse jogo), mas, ainda assim, Green não apenas flerta com essas ideias, ele concretiza algumas coisas
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O FILME COMO UM COLCHA DE RETALHOS
Estilisticamente falando, Pânico 6 (2023) até tem bons momentos. Como ele é muito covarde para de fato lidar com uma proposta que vá afetar toda a sua estrutura, acaba investindo nas cenas práticas.
Nesse sentido, os diretores usam bem aspectos específicos de cada ambiente (de objetos comuns a outros mais inusitados) e tentam se filiar a uma violência mais crua. Ironicamente, é mais um filme de estúdio do que um filme que se passa em Nova York.
Os ambientes funcionam de modo independente (o apartamento, o metrô, o beco) e é como se cada cenário fosse uma fase com os seus elementos específicos. Talvez um grande diretor conseguiria transformar esse roteiro em uma espécie de John Wick do slasher.
Ou, quem sabe, em uma espécie de Tenet (2020) do slasher. Todos os flertes não passariam de falsas desconstruções e tudo se resumiria a uma efemeridade da ação.
Pena que não foi o caso. Ainda que exista essa atenção a momentos isolados, e ainda que vários desses momentos possuam uma boa direção, o filme parece uma colcha de retalhos com partes boas perdidas numa estrutura tosca.